JS SÁTÃO

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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Osteoporose

O termo Osteoporose é amplamente usado clinicamente para indicar a perda generalizada de osso, ou osteopenia, provocando uma fragilização óssea com consequente aumento do risco de fracturas, principalmente da coluna, punho, anca ou costelas.

Esta patologia pode ser evidenciada através de uma radiografia convencional, mas a técnica de eleição para o seu diagnóstico é a Osteodensitometria, também chamada de Densitometria Óssea (DEXA). Adicionalmente, a cintigrafia óssea, tomografia computorizada e ressonância magnética são métodos complementares que são aplicados no diagnóstico diferencial desta doença.

O principal sinal sugestivo de osteoporose numa radiografia é a diminuição da densidade mineral óssea (DMO), sendo que esta pode ser resultado de um vasto espectro de doenças que vão desde as causas altamente prevalentes, como o caso da pós-menopausa e osteoporose involucional, até causas endocrinológicas raras e distúrbios hereditários ou adquiridos.

Assim, a osteoporose pode ser classificada em primária (idiopática) ou secundária. A forma primária é ainda subdividida em Tipo I e Tipo II. No tipo I (osteoporose pós-menopausa) ocorre uma rápida perda óssea assim que a mulher entra na menopausa. No tipo II (osteoporose senil) está associada ao envelhecimento e pode surgir devido ao défice de cálcio ou diminuição da formação óssea.

A forma secundária surge devido a processos inflamatórios, como é o caso da artrite reumatóide, alterações endócrinas, falta de exercício físico, consumo de álcool e/ou medicamentos que contenham heparina, vitamina A e corticóides.

A diminuição da resistência óssea deve-se, quer à redução da quantidade de osso, quer à degradação da sua qualidade, sendo particularmente frequente nos idosos e afectando em especial as mulheres após a menopausa. Conjuntamente, os hábitos alimentares e de trabalho são factores que contribuem fortemente para a diminuição do cálcio ósseo.

Em Portugal, vários estudos realizados sobre esta temática, afirmam que têm sido crescentes as despesas de tratamento hospitalar para casos de fractura da anca. A incidência desta tem aumentado anualmente cerca de 4%, constituindo assim um problema médico, económico e social.

Uma vez que o Estado tem uma atitude, aparentemente bondosa, relativamente à comparticipação dos fármacos utilizados no tratamento da osteoporose e nos exames de densitometria óssea, verifica-se a realização de um extenso número destes exames sem qualquer indicação médica, traduzindo-se, nesta época de crise, num avultado custo para o Orçamento de Estado e para a gestão de seguros e sub-sistemas de saúde.

Desta forma, sou da opinião, que um exame complementar de diagnóstico como a densitometria óssea, só deveria ser solicitado quando a indicação clínica o justificasse, ou seja, quando se suspeita de alterações ósseas e/ou para modificar a terapêutica do doente. Caso contrário, constitui um desperdício económico e de tempo, sobretudo num país onde existem demasiadas mulheres saudáveis sob o ponto de vista ósseo, em fase de pré menopausa, que realizam este tipo de exames.

Na conjuntura moderna actual, devido aos enormes progressos técnico-científicos da biomedicina, existem já pequenos equipamentos portáteis que permitem realizar rastreios da osteoporose através da medição da densidade óssea no calcâneo (osso do pé), permitindo determinar se, complementarmente, se justifica a necessidade de realização de outros exames auxiliares de diagnóstico mais precisos, mas também mais onerosos e morosos, como é a densitometria óssea. A implementação e desenvolvimento deste tipo de programas de rastreio, certamente iria contribuir para uma melhor prevenção da doença e, simultaneamente, reduzir o desperdício económico em exames realizados desnecessariamente, como o caso dos exames supra referidos, que ainda têm a desvantagem adicional de utilizar radiação ionizante (raios-X), o que não acontece com estes equipamentos de rastreio que são totalmente inócuos (utilizam ultra-sons tal como nas Ecografias).

De forma concludente, deixo em aberto uma questão: porque não, realizar esforços para a implementação de um programa de rastreio desta natureza na Beira Alta e, particularmente, no concelho de Sátão, onde a faixa etária é predominantemente elevada?

Dr. Rui Almeida - JS Sátão

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